quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Multiplicação de sindicatos pode instituir crise política no Brasil

Frederico Vitor

A cada dois dias é aberta uma associação sindical no Brasil. Após a era Lula, País vive verdadeira “indústria” de organizações que estão de olho nos R$ 2 bilhões que governo repassa para as mais de 14 mil entidades existentes hoje com registro no Ministério do Trabalho.

De olho na divisão bilionária da contribuição sindical pelo governo federal, uma nova entidade sindical surge a cada dois dias no Brasil. A União destina anualmente mais de R$ 2 bilhões para os 14.922 sindicatos, federações e confederações registrados atualmente no Ministério do Trabalho e Em­prego (MTE). Na realidade, abrir uma associação de trabalhadores tornou-se um grande negócio que, em médio prazo, se não houver regulação, poderá resultar em uma crise política sem precedentes. 

Em vez de alta produtividade associativa, no entanto, parece haver uma situação de descontrole total na concessão de registros para novas entidades sindicais. A estreita relação entre a fabricação de sindicatos com os interesses políticos e partidários fica evidenciada quando se esmiúçam as diretorias destas organizações. A esmagadora maioria opera em estreito controle e influência de siglas de diferentes matizes ideológicas que ocupam várias esferas de poder. Fato inegável, o fenômeno de multiplicação de sindicatos teve início após a subida de Lula (PT) pela rampa do Palácio do Planalto, em 2003.

Se no período da ditadura civil-militar os sindicatos eram sinônimos de luta por democracia e abertura política, com o fim da repressão, em grande medida organizações sindicais se perderam. Muitos se tornaram conservadoras, ainda que mantivessem um discurso progressista. A reestruturação do mundo do trabalho, com a reconfiguração do processo de acumulação de capital iniciada nos anos 70, de certo modo enfraqueceram os movimentos sindicais não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Nesse processo, os dirigentes sindicais tiveram grande parte de culpa pelo esvaziamento dos organismos sindicais.

No primeiro governo Lula deu-se um processo de cooptação da maioria dos sindicatos, sempre no intuito de não incomodar os governos petistas. Neste viés, criar sindicato tornou-se um negócio lucrativo, se aproveitando da partilha bilionária do imposto sindical, sem uma fiscalização real da destinação do recurso. Não é raro haver sindicalistas ostentando padrão de vida incompatível com os rendimentos declarados, com gordas ajudas de custo, viagens com hospedagem em hotéis de luxo, carros com motoristas e outras mordomias mais.

Crise Política


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